Carvalho Calero 2010

Vídeo do debate entre Constantino García e Ricardo Carvalho Calero: "O porvir do galego" emitido na televisão de Galiza em 1986.
Cedido por Celso Álvarez Cáccamo.

Apresentação
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Texto de António GIl Hernández

Ricardo Carvalho Calero (Ferrol, 1910 - Compostela, 1990), grande vulto da cultura galega do século XX, foi, segundo a filha Maria Vitória, de «vida densa e austera, dedicada a trabalhar pela Galiza e a sua cultura». O pensamento crítico e a defesa do reintegracionismo fizeram com que, durante bastantes anos da sua vida e mesmo posteriormente, o isolacionismo dominante na cultura e na política da Comunidad Autónoma de Galicia o submetesse ao ostracismo, não só injustificado, mas aberrante até.

Acabado o Bacharelado, matriculou-se na universidade compostelana no curso de Direito e participou dos movimentos de resistência estudantil à ditadura de Primo de Rivera, até chegar a ser presidente da Federación Universitaria Escolar (FUE). Lá relacionou-se com o Seminário de Estudos Galegos. É de então que arranca o seu compromisso com a cultura e língua da Galiza.

Em 1931, acabados com brilhantez os estudos de Direito, publicou na editora Nós, de Ângelo Casal, o poemário Vieiros e em 1934, O siléncio axionllado (1934). Também em 1931, cofundador do Partido Galeguista, integrou, junto de Daniel Castelão, Alexandre Bóveda, Lugris Freire, Paz Andrade e Tobio Fernândez, o Conselho Assessor. Com Luís Tobio elaborou o Anteprojecto de Estatuto de Autonomia para Galiza, de concepção federalista.

A guerra civil (1936-39) surpreendeu Carvalho em Madrid, no concurso para catedrático de liceu. Ali coincidiu com a delegação galega, que, presidida por Castelão, apresentou nas Cortes os resultados oficiais do referendo estatutário. Incorporado ao exército republicano, como oficial, lutou em Valência e Andaluzia, onde foi detido. Em 1939, terminada a guerra, foi julgado e condenado por separatista a cadeia perpétua, afinal reduzida a doze anos e um dia de prisão maior. A guerra, o triunfo dos sublevados reduziu ao nada o esforço de reconstrução nacional da Galiza, em que Ricardo Carvalho Calero participara ativamente.

Já em 1941 a Ferrol e impedido de exercer, dedicou-se ao ensino particular. Das lembranças daquele tempo nutre-se o seu romance Scórpio (1987).

Em 1950 deslocou-se a Lugo, já como professor e diretor do Colégio Fingói. É também desde esse ano que colaborou no projeto cultural galeguizador da editora Galáxia.

Em 1951 publicou A Gente da Barreira, primeiro prémio da editora Bibliófilos Gallegos. Em 1954, doutorou-se em Madrid com a tese Aportaciones fundamentales a la literatura gallega contemporánea.

Em 1958 ingressou na Academia Galega com o discurso Contribuiçom ao estudo das fontes literárias de Rosalia

Em 1963 publicou a História da Literatura Galega Contemporânea, obra básica da crítica literária galega.

Em 1964-65 incorporou-se como professor interino de Língua e Literatura Galegas na Universidade de Compostela, onde acabaria sendo, por oposição, o primeiro catedrático de Língüística e Literatura Galega.

Em 1966 apareceu a primeira ediçom da sua Gramática elemental del gallego común, que representou na cultura galega um acontecimento de enorme transcendência.

Em 1977, ao morrer Sebastiám Martinez Risco, foi proposto (e recusou) para ser presidente da RAG. Nesses anos começou de compilar a sua obra: Sobre língua e literatura galega (1971); Estudos Rosalianos: aspectos da vida e obra de Rosalia de Castro (1979); e Libros e Autores Galegos I (1979).

Em 1979 presidiu a Comissom de Lingüística da Xunta Preautonómica, que elaborou umhas Normas Ortográficas do Idioma Galego, destinadas ao ensino e à administração, que na realidade por pressão do bloco isolacionista não chegaram a ser praticadas. Já Carvalho daquela optara pela corrente reintegracionista, na sequência do nacionalismo histórico. Com a tomada da RAG pelo ILG foi marginalizado e mesmo caluniado desde as novas instituições.

Em 1980 reformou-se da função docente e intensificou a atividade literária. Foi nomeado membro ordinário da Academia das Ciências de Lisboa, membro de honra da Associaçom Galega da Língua, das Irmandades da Fala da Galiza e Portugal e também da Associación de Escritores em Lingua Galega.

Nomeado Filho Predileto de Ferrol em 7 de janeiro de 1990, pouco tempo depois, em 25 de março, faleceu em Santiago de Compostela.

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À homenagem no centenário do seu nascimento estão abertas a participação de qualquer pessoa e entidade. Para participar diretamente envie-se um correio electrónico desde a Seção "Contato".

 


Desenho de: eugeniote
Fotografia da barra lateral da autoria de Moncho Rama